Mesmo sendo doenças ocupacionais passíveis de prevenção, os distúrbios auditivos como a PAIR (Perda Auditiva Induzida pelo Ruído) seguem entre os problemas de saúde presentes em inúmeras atividades laborais. Nas últimas duas décadas, entretanto, em função da legislação voltada à Segurança e Saúde no Trabalho e ao avanço da tecnologia, que possibilita processos produtivos mais seguros e menos ruidosos, vêm crescendo nas empresas brasileiras a preocupação com esse agente de risco físico e a prevenção de suas possíveis consequências.
Nesse sentido, o Programa de Conservação Auditiva vem sendo cada vez mais utilizado como uma importante ferramenta de gestão do ruído ocupacional. Mais do que evitar a ocorrência ou o agravamento de distúrbios auditivos e outros males, preservando a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores, um PCA eficaz é importante para a saúde financeira dos negócios, pois evita gastos com multas e fiscalizações e reclamatórias trabalhistas.
O Programa de Conservação Auditiva (PCA) consiste em um conjunto de medidas coordenadas que tem por objetivo prevenir ou estabilizar as perdas auditivas ocupacionais impedindo que determinadas condições de trabalho provoquem a deteriorização dos limiares auditivos em um dado grupo de trabalhadores. O ruído é o agente ocupacional que mais freqüentemente provoca perdas auditivas, porém outras condições não podem ser desprezadas, tais como agentes químicos (solventes), radiações ionizantes, acidentes como traumatismo crânio encefálico, uso de medicamentos, viroses prévias, entre outras.
O PCA envolve a atuação de uma equipe multiprofissional e inter-profissional, pois são necessárias medidas de fonoaudiologia, engenharia, medicina, treinamento e administração.
A proteção coletiva (EPC) é indiscutivelmente, a melhor forma de prevenir a perda auditiva ocupacional. Entretanto para se adequar às doses ideais, os investimentos nas empresas visando à redução da geração ou transmissão inicial dos níveis de pressão sonora elevados são expressivos e com impacto evidente em sua economia. Porém esta sempre será prioridade e esgotadas as melhorias os EPIs (os Equipamentos de Proteção Individuais).
Em decorrência disto, surge à idéia da implantação do PCA por tratar-se de procedimentos para a conservação da audição em ambientes de trabalho insatisfatórios cuja eficácia depende do controle sistemático e permanente.
O PCA não deve substituir definitivamente o controle coletivo e sim, ambos PCA e proteção coletiva devem caminhar em paralelo até que a solução definitiva esteja implantada, ou seja, que a prevenção ideal para a perda auditiva ocupacional seja obviamente o trabalho em condições tais que os níveis de pressão sonora sejam baixos o suficiente para garantir que todos os trabalhadores, ao longo de suas jornadas de trabalho estejam protegidos.
Além disso, funcionários saudáveis e satisfeitos, menos estressados em suas atividades laborais, sentem-se mais confiantes e se tornam mais atentos e concentrados, ou seja, mais produtivos e menos propensos a acidentes e a doença ocupacionais. Consequentemente, estão presentes e ativos em funções, o que reduz, ainda, prejuízos com absenteísmo e presenteísmo e gastos com novas contratações e treinamentos. A conservação da boa imagem, da empresa e o respeito do mercado e da sociedade são outros benefícios.